Casa de Caridade Pai Jacob do Oriente, Belo Horizonte, MG
Disciplina
Catar folhas: saberes e fazeres do povo de axé (2016.1 e 2017.2)
O Mestre Ricardo de Moura coordena a Associação de Resistência Cultural Afro-brasileira Casa de Caridade Pai Jacob do Oriente (CCPJO), que atua desde 1966 no complexo da Pedreira Prado Lopes, em Belo Horizonte (MG). A Casa foi erigida pelo seu pai, Joaquim Camilo, e sua mãe, Maria das Dôres de Moura, ambos iniciados nas tradições afrobrasileiras de raiz banto. Pai Ricardo, como é conhecido na comunidade, herdou dos pais os conhecimentos sobre as ervas, os toques e cuidados com os tambores, as cantigas, as benzeções, rezas e consulta ao oráculo de búzios com fundamento na matriz Angola, saberes que ele busca preservar e difundir na cidade de Belo Horizonte. Também é Rei Congo da Guarda de São Jorge de Nossa Senhora do Rosário no bairro Concórdia.
Com a Associação, Pai Ricardo desenvolve o ensino da cultura e história afrobrasileira a partir das referências rituais e litúrgicas da Casa de Caridade Pai Jacob do Oriente; realiza formações envolvendo a musicalidade e corporeidade afrobrasileiras; atua como artesão dedicado à criação de artefatos artísticos e religiosos particulares do contextos de matriz afrobrasileira; e promove eventos que integram o calendário de festividades populares tradicionais da região, como a Festa de Cosme e Damião, a Festa de Ogum, a Festa das Yabás, a Festa de Oxossi e a Festa de Xangô, que acontecem desde a fundação da Casa.
Seguindo a tradição iniciada por seus pais, ele organiza dois grandes eventos em espaços públicos de Belo Horizonte, ligados às tradições afro-brasileiras: a Festa de Iemanjá, que ocorre em agosto na Lagoa da Pampulha, e a Noite da Libertação, evento que celebra a abolição da escravatura, privilegiando a agência da ancestralidade afrobrasileira, especialmente dos Pretos Velhos, na luta histórica pela liberdade e dignidade do povo negro. O objetivo destas atividades é estimular o reconhecimento das tradições afrobrasileiras pela população da cidade, por meio de uma aproximação festiva, alegre e respeitosa, capaz de modificar a situação de forte racismo religioso vivido pelo povo negro de axé.
Ativamente ligada à vida da comunidade em que se insere, a Associação desenvolve ainda várias atividades de apoio aos moradores da região, como cursos de artesanato; distribuição de cestas básicas e de frutas e legumes (com o apoio da CEASA – Centrais de Abastecimento de Minas Gerais); e apoio médico, odontológico e psicológico a partir da articulação com profissionais voluntários. Atualmente, Ricardo de Moura vem articulando a construção de um centro de inclusão digital com computadores e internet para o uso comunitário. O mestre também tem um trabalho ativo de mediação de conflitos junto à comunidade, atuando inclusive junto ao Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) da região. Assim, a região da Pedreira Prado Lopes é beneficiada cultural e socialmente pelas atividades da Associação coordenadas por Pai Ricardo.
Ricardo de Moura atua na diretoria do CENARAB (Centro Nacional de Africanidade e Resistência Afro-Brasileira), instituição parceira da SEPPIR (Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial) que visa fortalecer as comunidades tradicionais e combater o racismo e a intolerância religiosa. Ele é também presidente do Comitê Gestor Estadual responsável pela ADA (Ação de Distribuição de Alimentos para Povos e Comunidades Tradicionais de Matriz Africana), iniciativa da SEPPIR e do MDS no âmbito do I Plano Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos Povos e Comunidades Tradicionais de Matriz Africana. No Conselho Municipal da Promoção da Igualdade Racial (COMPIR), Pai Ricardo é representante da Umbanda.
Pela sua importante atuação na preservação e transmissão da riqueza de saberes e fazeres relativos à ancestralidade africana no Brasil e por seu inestimável conhecimento no campo da História e da Cultura Afro-Brasileira e Africana, cujo ensino foi tornado obrigatório pela Lei 10.639/03, Ricardo de Moura foi convidado a atuar como mestre professor da Formação Transversal em Saberes Tradicionais na Universidade Federal de Minas Gerais, tendo participado em 2016 e 2017 da disciplina “Catar Folhas”: Saberes e Fazeres do Povo de Axé.
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