Retrato da Mestra Mãe Efigênia | Mametu Muiandê

Quilombo Manzo Ngunzo Kaiango
Belo Horizonte, MG

Primavera de 2017

Mametu Muiandê fala de sua infância, de sua história na umbanda e no candomblé, e do terreiro como lugar de resistência.

A Mestra Efigênia Maria da Conceição, mais conhecida como Mametu Muiandê, Mãe Efigênia, ou simplesmente Mãe, nasceu em 02 de janeiro de 1946, na cidade mineira de Ouro Preto (MG) e é uma sacerdotisa do Candomblé e da Umbanda, com aproximadamente cinquenta anos de santo na Umbanda, e trinta anos de “despertamento” de sua Inquice Matamba no Candomblé. Mãe Efigênia é a matriarca e liderança máxima da comunidade fundada por ela há cerca de quarenta anos, o Quilombo Manzo Ngunzo Kaiango, situado na zona leste de Belo Horizonte, e que constitui uma referência importante para o conhecimento da filosofia afro-brasileira. A comunidade obteve em março de 2007 o certificado de auto-reconhecimento como remanescente de quilombo.

Mãe Efigênia conta que veio de uma família humilde e é bisneta de escravos. Sua infância foi vivida, em grande parte em Ouro Preto. Aos nove anos de idade, Mãe Efigênia, acompanhando a sua mãe biológica, mudou-se para Belo Horizonte e passou a residir onde se localiza hoje a comunidade de Manzo, no antigo Bairro do Quartel, hoje Bairro Santa Efigênia. Por volta dos seus 11 anos de vida, Mãe Efigênia começou seu processo de formação, que culminou em seu reconhecimento como uma das matriarcas e uma das maiores referências da tradição Angola de Minas Gerais. Sua raiz inicial foi jeje, razão pela qual possui notável conhecimento também nessa tradição e nos conhecimentos de rituais desta nação, mas seu processo contínuo de formação foi na nação angola. Mametu Muiandê é tida, de modo geral, entre a comunidade do Candomblé, da capoeira e do samba como uma das senhoras mais respeitadas no axé e no ngunzo de Minas Gerais, sendo seu Quilombo berço de alguns de notáveis membros desses saberes e fazeres. Somado a isto, sua Matamba é a Mãe de centenas de filhos espalhados por várias partes do país e do mundo.

Segundo a própria Mestra Mãe Efigênia, sua formação exige grande dedicação e um aprendizado contínuo, cotidiano e total. É um “catar folhas” cotidiano. Como gosta de dizer a Mestra, “só recebemos, os nossos direitos, como os seus doutorados com vinte um anos de total dedicação aos conhecimentos, saberes e fazeres” – e complementa: isso não significa “o fim do processo de aprendizado”, pois o “processo de formação” é permanente. Mametu Muiandê também tem amplo conhecimento nos saberes e fazeres ligados às praticas medicinais e de ervas, raízes, banhos. Ela atende a comunidade local e presta serviços sociais, ligados ao Projeto Educacional Kizomba, estruturado principalmente em oficinas, que incluem capoeira, danças, penteados afro, maculelê, samba, uso de folhas medicinais, entre outras atividades baseadas em um saber que une os conhecimentos tradicionais a um processo de combate à intolerância religiosa e racial.

Disciplina: “Catar folhas”: saberes e fazeres do povo de axé

O curso aborda as artes rituais, os estilos de pensamento e os modos de existência das comunidades afro-brasileiras, em seus lados de Ketu, de Angola, do Reinado e da Umbanda.

A disciplina traduz também o compromisso do Programa de Formação Transversal em Saberes Tradicionais com o ensino da História e da Cultura Afro-Brasileira, tornado obrigatório
pela lei 10.639/03.

câmera
Álvaro Andrade
Caline Andressa Muller Gambin
Guilherme Brant
Júlia Duarte da Cunha
Juliana Santos de Araújo
Marina Morena Silva Carmo

entrevista
César Guimarães

som direto
Rafaella Melisse de Almeida Magalhães

edição
Guilherme Brant
Tomyo Costa Ito

finalização
Pedro Aspahan

professores parceiros
Edgar Barbosa – FAE
Isabel de Rose – PPGCOM/FAFICH
Maria Aparecida Moura – ECI
Rubens Alves da Silva – ECI
Wagner Leite Viana – EBA

video filmado na disciplina
Laboratório de Documentário: Catar Folhas

professores
André Brasil
César Guimarães

video editado na disciplina
Oficina de Montagem: Saberes Tradicionais

professores
César Guimarães
Eduardo de Jesus
Pedro Aspahan

coordenação audiovisual
Pedro Aspahan

coordenação geral do programa
de formação transversal
em saberes tradicionais
César Guimarães

comitê gestor
arquitetura
Renata Marquez

enfermagem
Lívia de Souza Pancrácio de Errico

engenharia
Marcos Bortolos

fafich
André Brasil
Luciana Oliveira

realização
PROGRAD – Pró-Reitoria de Graduação
Departamento de Comunicação Social

saberestradicionais

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